Reunião no gabinete do prefeito definiu detalhes na regulamentação da tarifa zero aos estudantes
A implantação do passe livre para os estudantes de Foz do Iguaçu a partir da próxima semana vai ampliar as políticas sociais e a universalização do acesso ao transporte coletivo urbano. A avaliação é de lideranças estudantis que participaram nesta sexta-feira (30) de reunião no gabinete do prefeito Chico Brasileiro para ajustes na minuta do decreto para regulamentação do benefício aprovado pela Câmara de Vereadores.
A tarifa zero vai atender 38 mil passageiros na qualidade de estudantes dos ensinos público e privado, o que inclui além dos universitários e de pós-graduação, os ensinos fundamental e médio, EJA (educação de jovens e adultos) e de contraturno. Atualmente, o segmento é atendido pela meia tarifa. As isenções no serviço contemplam mais de 450 mil usuários ao mês, incluindo idosos acima de 60, pessoas com deficiências e acompanhantes.
“O passe livre é uma política de permanência estudantil (na escola ou universidade). É uma forma de garantir que o estudante, assim como a alimentação, tenha acesso de transporte à universidade e à escola. Infelizmente ainda é muito alta a evasão escolar, tanto em nível básico quanto nas universidades”, disse Diogo Soares, presidente do DCE da Unioeste.
Diogo Alves destacou o apoio do prefeito Chico Brasileiro na efetivação da proposta.
Renda extra
Para Júlio Henrique Moraes Flor, do grêmio estudantil do Instituto Federal do Paraná (IFPR), o passe livre vai representar uma renda extra, já que não terá que arcar com a passagem, além de ser uma garantia de acesso à escola. “É um dinheiro que vai sobrar para ele complementar na renda de casa mesmo. Um recurso que agora vai sobrar para ele ir pra outros lugares, conhecer a cultura da cidade, fazer um trabalho em alguma biblioteca, se locomover tranquilamente”.
“Vai garantir uma universalização, uma facilidade do acesso ao estudante a outras áreas do conhecimento não só dentro do colégio”, ressaltou. Júlio Flor disse que ele mesmo já enfrentou muitas dificuldades devido aos recursos para arcar com a tarifa do transporte coletivo. “Estava sendo uma fase muito difícil, deu uma melhorada e agora esse é um direito que conseguimos garantir e que vai facilitar até mesmo o acesso ao colégio”.
“O acesso maior ao serviço vai reduzir o número de carros nas ruas, criando menos incômodo para quem circula a pé pela região central”, disse Júlio.
A qualidade do serviço modal foi garantida pelo prefeito Chico Brasileiro, que lembrou que em breve começa o novo sistema de bilhetagem com mais tecnologia e câmeras de reconhecimento facial para dar mais segurança aos usuários.
Sobre a ampliação para a tarifa zero integral no serviço, o estudante disse que se trata de “uma escadinha”. “É uma escada que vai dando andamento e a cada passo evolui um pouco mais. É uma luta, uma pauta do movimento estudantil há mais de 30 anos e agora pode alcançar todos cidadãos de Foz do Iguaçu”.
Política de afirmação
A implantação do passe livre é mais uma política de afirmação que permite o acesso à educação, lazer e cultura da cidade. “Não só para os estudantes, como para os pais também, que já não vão mais tirar aquele dinheirinho que sempre guardam para ter que dar para o filho ir à escola”, disse Jovana Farias, presidente do DCE da Unila.
“Uma facilidade a mais porque às vezes a gente tem aula o dia inteiro e como ainda não tem um restaurante, tem que voltar para casa se alimentar. Então as outras duas passagens sempre saíam do nosso bolso. Tinha gente que tinha que ficar sem comer para continuar na faculdade pra continuar vendo as outras aulas do dia”, relatou.
A líder estudantil vê como um grande avanço social a conquista de uma luta de mais de 30 anos. “Uma luta que nasceu antes de mim e que a gente está dando continuidade agora para conseguir ajudar nesse avanço e trazer políticas de permanência na educação. Já tem alguns municípios do Paraná com a gratuidade para estudantes e em outros estados também. Foz está sendo uma das pioneiras do estado a estar dando esse grande passo na educação”, concluiu.
Ajustes
A nova lei deverá ser sancionada entre segunda ou terça-feira (3 ou 4 de julho). “Vamos detalhar juntos a regulamentação da lei e aperfeiçoar o decreto em acordo com os estudantes e criar mecanismos para evitar uso irregular do passe”, disse o secretário extraordinário de Transporte Urbano, Fernando Maraninchi. O diretor do Foztrans, Diorgenes Silva, também participou da reunião dos estudantes.
Para evitar o uso abusivo, o prefeito lembrou que as escolas e universidades devem comprovar atividades extraclasse, quando os estudantes precisam se deslocar em horários fora de aula, para realizar pesquisas, estágios obrigatórios e não remunerados e outros estudos. A nova bilhetagem, com reconhecimento facial, vai permitir um maior controle do uso do cartão, exclusivo ao estudante.
“Também vamos iniciar um diálogo com o setor comercial e instituições de ensino, alternativas para evitar que todos vão para os ônibus no mesmo horário”, adiantou o prefeito. Em caso de fraude, alertou Maraninchi, numa primeira ocasião será emitida uma advertência ao estudante e, em caso de reincidência, o cartão será suspenso e só será liberado no próximo semestre.
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