Depois de onze dias de vertimento ininterrupto, não há mais necessidade de escoar o excedente de água
Neste domingo (12), a Itaipu vai fechar totalmente o vertedouro, depois de onze dias de vertimento ininterrupto. O escoamento de água será reduzido gradualmente. O vertedouro foi aberto no dia 1º de novembro, para escoar o excedente de água não utilizada para a geração de energia elétrica, em função das chuvas a montante (acima) da hidrelétrica, no Rio Paraná, onde está instalada a usina.
Segundo o superintendente de Operação da Itaipu, Rodrigo Pimenta, “a usina operou o vertedouro de forma a garantir a segurança da barragem e contribuir para mitigar o impacto das cheias na fronteira com o Paraguai, parte mais afetada pelas chuvas”, disse.
Com três calhas (esquerda, central e direita) e 14 comportas, o vertedouro tem a função descarregar toda a água não utilizada para geração. A capacidade máxima do vertedouro é de 62,2 mil m³/s, 40 vezes superior à vazão média das Cataratas do Iguaçu. A abertura do vertedouro é uma situação rara. Este ano, por exemplo, foi aberto apenas três vezes.
CEC
Desde o início das chuvas intensas, a Itaipu mobilizou a Comissão Especial de Cheias (CEC). O grupo, formado por profissionais brasileiros e paraguaios, de diferentes áreas da empresa, foi mobilizado no dia 28 de outubro. A comissão, além de adotar estratégias para o controle da situação, emite boletins hidrológicos diários, que são repassados aos órgãos de Defesa Civil do Brasil e do Paraguai.
A cheia do Iguaçu e o consequente represamento do Rio Paraná, no encontro dos dois rios abaixo das quedas d’água, elevou o nível do Rio Paraná, na Ponte da Amizade, até a cota de 119 metros (m) acima do nível do mar, cerca de 18 m acima do normal. Nesta sexta-feira (10), a cota baixou para 111 m. O nível do Rio Paraná, naquele ponto, não oferece risco quando está entre 101 m e 105 m acima do nível do mar. Entre 106 e 107,99 metros, entra no índice próximo a inundações. Acima disso, já provoca alagamentos em áreas próximas, principalmente em cidades paraguaias da fronteira.
Para os próximos dias, a tendência é de normalização da cota, que deve diminuir para valores inferiores a 108 m. Até que isso aconteça, a CEC continuará mobilizada para acompanhar a situação.
Produção supera a de 2022
Com uma produção de energia em torno de em 10,4 mil megawatts (MW) médios, a usina de Itaipu superou nessa sexta-feira (10) toda a produção de 2022, ultrapassando a marca de 69 milhões de MWh. Desde o início da operação da usina, em maio de 1984, a Binacional já produziu mais de 2,9 bilhões de MWh de energia acumulada.
Quanto mais Itaipu produz, melhor para o consumidor brasileiro. O custo da energia da hidrelétrica binacional é o terceiro mais barato do Brasil, superior apenas ao custo das usinas cotistas da Lei número 12.783/13 e o das usinas hidrelétricas do Rio Madeira – Santo Antônio e Jirau – e do Rio Xingu – Belo Monte.
Turismo
Ao longo deste ano, o vertedouro de Itaipu foi aberto três vezes. Sempre que isso acontece, torna-se um atrativo a mais para os visitantes. Foi o que aconteceu no último feriado prolongado do Dia de Finados, 2 de novembro.
É um espetáculo de águas, mas, para os técnicos de Itaipu, representa apenas um “desperdício”, já que, para eles, o ideal é que a água que entra no reservatório seja utilizada somente para produzir energia. No entanto, como nesses dias a afluência superou a capacidade de aproveitamento para a produção, houve a necessidade de abrir o vertedouro, para garantir a segurança da barragem e das unidades geradoras.
Vertedouro aberto encantou os turistas. Foto: Sara Cheida/Itaipu Binacional